DE SÃO PAULO
Desde 2005, a mineira Lívia Motta, 60, descreve obras de arte para
aqueles que não podem vê-las. Começou no teatro, depois vieram os
espetáculos de dança, óperas, filmes e shows. Recentemente, passou aos
eventos sociais, narrando missas, casamentos e até um nascimento. Quando
entrou na sala de parto, teve que segurar a emoção para contar ao pai e
à mãe, ambos cegos, o que acontecia ali. "Ele falou que não queria ver
sangue, porque tinha medo, e aí eu disse: 'tudo bem, essa parte eu
pulo'", ri.
Nesta terça (23) e quarta-feira (24) Lívia participa do I Seminário
sobre Cultura e Acessibilidade, promovido pelas secretarias estaduais da
Cultura e dos Direitos da Pessoa com Deficiência para democratizar o
acesso a bens culturais. As palestras e oficinas --como a de audiodescrição, ministrada por ela--
ocorrem na Oficina Cultural Oswald de Andrade (centro de São Paulo). As
inscrições para produtores e gestores culturais são gratuitas e ficam
abertas até que as 120 vagas diárias sejam preenchidas. Os interessados
devem enviar e-mail para generos.etnias@sp.gov.br ou ligar para 0/xx/11/2627-8024.
Divulgação | ||
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Lívia Motta, 60, é especialista em narrar espetáculos a cegos |
Por mês, Lívia faz audiodescrição para cerca de cinco espetáculos. "Quem
experimenta fica encantado pelo recurso e percebe que não pode mais
passar sem. É outra coisa assistir a uma obra e entender o que se passa
sem ter que ficar incomodando o amigo ou namorado". Apesar dos avanços na formação de plateia, a audiodescritora acredita
que é preciso fomentar uma programação fixa em teatros e cinemas.
"Público tem, mas não há uma oferta continuada. Hoje as pessoas vão não
porque gostem desta ou daquela peça, mas simplesmente porque o
espetáculo é acessível. Precisamos chegar ao momento em que elas
escolham pela sua preferência".
EDITAIS
Outros recursos, como legendagem, libras e estenotipia também serão
abordados no seminário. De acordo com o Censo 2010, 9,3 milhões de
pessoas no estado de São Paulo têm algum tipo de deficiência, o que
representa 22,6% da população. Os deficientes visuais estão em maior
número --são 7,3 milhões de pessoas. Durante o evento, os secretários Marcelo Mattos Araújo (Cultura) e
Linamara Rizzo Battistella (Pessoa com Deficiência) devem anunciar o
lançamento de editais para estimular a adoção de recursos de
acessibilidade em produtos culturais.
Um projeto de lei de 2011, de autoria dos vereadores Floriano Pesaro
(PSDB), Marta Costa (PSD) e da atual deputada federal Mara Gabrilli,
prevê o acesso de pessoas com deficiência a espetáculos e obras
culturais beneficiados por recursos da Lei Municipal de Incentivo à
Cultura. Pelo texto do projeto, que tramita na Câmara, serviços como
audiodescrição e presença de intérpretes de Libras também devem estar
disponíveis.
I Seminário sobre Cultura e Acessibilidade - Oficina Cultural
Oswald de Andrade - r. Três Rios, 363, Bom Retiro, centro, São Paulo,
SP. Ter. (23) e qua (24), das 9h às 18h30. Inscrições gratuitas pelo
e-mail generos.etnias@sp.gov.br ou pelo telefone 0/xx/11/2627-8024.
Reportagem retirada na íntegra:
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